quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Religião se discute? - Colunista Moisés Oliveira *

Às vezes fico alarmado com determinadas idéias e mesmo conclusões de boa parte do povo brasileiro em relação a um assunto. Uma das conclusões do senso comum que mais me chateiam é aquela que diz e ATÉ AFIRMA, ou seja, tem como verdade, que “religião não se discute”! Ouço e leio esta “máxima” do populacho quase todos os dias, até por um motivo óbvio; trabalho com a problemática da religião e da religiosidade também quase todos os dias. Seja em sala de aula, nas redes sociais, em palestras, conversas informais ou mesmo dentro de um determinado lugar específico para a prática do comungar. Mas na verdade o que temos por trás deste discurso? Como entender a motivação do não QUERER ou do não PODER discutir um assunto que necessariamente e quase que fatalmente estará na mentalidade de todo brasileiro?
Religião não se discute!”
 Atrás deste discurso que aparenta ser uma fala inocente e que para os desavisados passa um tom de preocupação e de conformidade a aceitação da fé do outro; o que na verdade estará implícito é o contrário. É um discurso usado para legitimar um pensamento que não se deixa ou não se PERMITE entender e aceitar a forma diferenciada de como o outro enxerga  o “plano espiritual”. Ao dizer “religião não se discute”, estará ali a ideia de finalidade do assunto. Estará ali O não QUERER  o diálogo, a negação a dialética, a troca de informação, a não abertura mental ...  Estará ali a louvação de uma  ideia unicista da verdade que é plural e a aceitação solipsista mental em relação a um tema que se revela a cada dia munido de uma complexificação inesgotável. Quando não queremos discutir algo, perdemos a chance, que talvez possa ser única, de se encontrar com o outro. Agora, quais serão os verdadeiros motivos que levam  uma pessoa a OPTAR pelo não querer discutir este tema? Entre os diversos motivos quero destacar um, o MEDO.
 Medo de se deparar com outra crença que possa ser melhor  e mais adequada as suas ânsias espirituais. Medo de descobrir que foi enganado talvez anos e  anos por uma forma errônea de perceber o mundo espiritualizado.  Medo de descobrir-se ludibriado por um líder inescrupuloso.  Medo de ter que enfrentar o vazio provocado pela descoberta de outra verdade. MEDO.
Além do não querer discutir o tema, que se revela opcional, tem ainda aqueles que estarão interditados do debate, pelo NÃO PODER que tem por base a alienação.  É sabido por todos que a religião, como bem escreveu Marx, pode sim ser o “ópio do povo”.  Esta é, na minha concepção, a segunda causa que leva uma pessoa a não debater sobre o assunto. São estes que estarão proibidos pela alienação e\ou pela castração, produzida na maioria das vezes por seus líderes religiosos mal intencionados ou pelo uso inadequado e aplicado de textos escriturísticos interpretados sem um conhecimento técnico e hermenêutico, já que boa parte das religiões fazem uso de algum “texto sagrado”. A alienação religiosa é uma das principais causas da intolerância religiosa. Pois todo intolerante é um ignorante, logo, alienado.

Como não discutir religião? O Brasil é constituído por “crentes”. O “Achamento”  do País pelos europeus se confunde com o processo de Contra Reforma Católica que visava a busca por novos adeptos e reconquista dos desgarrados ou desviados da religião. Somos um país que acreditamos na força divinal e que com isto, “pagamos promessas”, ofertamos, fazemos profissões, somos abençoados pelos orixás, andamos com guias, praticamos rituais, cantamos hinos e mandingas e nos religamos a uma força, que entendemos ser maior.   Religião não poderia causar temor e nem tremor ao ser debatida, em especial nas salas de aulas.
Este tema deve ser sim debatido e quanto mais debatido melhor. A arma que temos para a anulação do MEDO (injustificado) e da ALIENAÇÃO  é exatamente o debate, a conversa, o confronto de idéias sobre o tema.

* Moisés Oliveira

Leciona História, Filosofia e Sociologia.
Formado em História e Ciências Sociais e com Especialização nas áreas de Filosofia, Sociologia e História das Religiões.
Coordenador do Curso de Pós Graduação em História das Religiões e Filosofia pela Faculdade Redentor.
Coordenador do Projeto R12
contato: moisesporto1@hotmail.com 


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

CONTRA A MEDIDA PROVISÓRIA 664/2014


Você sabia que:

1.                  Pela Lei 8.213/91, art. 26, a pensão por morte independia do tempo de contribuição. Agora, pela MP 664, art. 1, somente o(a) trabalhador(a) deixará a pensão para o(a) seu(sua) companheiro(a), depois de 24 contribuições mensais.
Como é possível se o art. 201 da Constituição Federal afirma sobre a Previdência Social (art. 201, V) que existe pensão por morte. Ora, se o(a) trabalhador(a) não tiver as 24 contribuições e falecer, então não deixará pensão segundo a MP 664, indo contra a própria Constituição;
Além disto o art. 226, da CF assegura que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Ora, Uma família onde o(a) trabalhador(a), com ou sem filhos, que não tiver no mínimo 24 contribuições mensais, o  Estado lhe negará proteção da forma como está na MP 664;
Pelo texto da MP 664 não há isonomia em relação aqueles que têm menos do que 24 contribuições mensais e os demais trabalhadores com relação à tranquilidade de sua família em caso de morte, configurando discriminação, que é proibido pela própria Constituição Federal; 


2. O cônjuge, companheiro ou companheira não terá direito ao benefício da pensão por morte se o casamento ou o início da união estável tiver ocorrido há menos de dois anos da data do óbito do instituidor do benefício. 
Então, mesmo que haja mais de 24 contribuições mensais, não haverá pensão se o óbito ocorrer antes de 2 anos depois do casamento ou da união estável. Portanto, mais uma ilegalidade, pois se nesse ínterim houver filhos, a família ficará desamparada, indo contra os princípios constitucionais;

3. Pela Lei 8.213/91, art. 75, o valor mensal da pensão por morte seria de cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, observado o disposto no art. 33 desta lei (o art. 33 diz que o benefício mínimo é o salário mínimo). Agora, com a MP 664/2014, o valor mensal da pensão por morte corresponde a cinquenta por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, acrescido de tantas cotas individuais de dez por cento do valor da mesma aposentadoria, quantos forem os dependentes do segurado, até o máximo de cinco, observado o disposto no art. 33.
O acontecerá de fato é que depois de superados todos os entraves iniciais ainda vem outro problema, pois o(a) pensionista terá sua renda de sobrevivência pela metade, ou seja, além de perder o cônjuge, sofrerá com a dureza de perder também 50% da renda que o mesmo possuía e contribuía para a mantença de sua família. Como será isto para uma idosa? Perder o cônjuge e 50% de sua pensão. O que é isto?

4. Agora, pela MP 664/2014, a pensão pode não ser vitalícia como era antigamente. Vai depender da idade do(a) pensionista, na data do óbito do instituidor(a) da pensão, bem como a expectativa de vida. Atualmente, é de 74,9 anos. Para facilitar os cálculos, vamos supor que seja 75 anos. Assim, se a expectativa de vida do(a) pensionista for menor do que 55 anos, a duração da pensão será de 3 anos (o que significa isto: se 75 anos menos a idade for menor do que 55 anos, somente receberá 3 anos de pensão. Ora, então, 75 – 55 = 20 anos. Então, todos os (as) pensionistas com menos de 20 anos receberão somente 3 anos de pensão). Fazendo os outros cálculos, conforme a tabela, temos: menos de 25 anos, receberá somente 6 anos, menos de 30 anos de idade receberá somente 9 anos, menos de 35 anos de idade receberá somente 12 anos, menos de 40 anos de idade receberá somente 15 anos, e mais de 40 anos de idade, a pensão será vitalícia. 

Esses são os principais pontos. Um total absurdo!

A Medida Provisória, publicada em 30 de dezembro, a pouco mais de um mês do novo ano legislativo, exige mobilização dos trabalhadores e aposentados.  È inclusive considerada inconstitucional, diante da mudança de regras que têm fundamentos nos princípios fundamentais de nossa Carta Magna.

Precisamos nos mobilizar contra essa MP 664/2014. Eu já comecei, junte-se a nós assinando a petição virtual:



domingo, 11 de janeiro de 2015

Quase 40 Graus em meu cérebro

Várias coisas estão acontecendo ao mesmo tempo em  janeiro. Mal começou 2015 eis que me vejo  acordar das euforia das festividades pelo fim do ano velho e dando de cara com as contas herdadas.
Um verdadeiro complô: todas elas me espreitando, para se atirarem em meus braços bem no primeiro dia de trabalho...
Quis fugir, mas antes mesmo de conseguir me desvencilhar de algumas e gritar socorro, toca o telefone aquelas vozes que nunca me esquecem, algumas virtuais até me assombram por coisas pendentes dos últimos dias do ano.
Lembro que nem dei cabo daquelas que só chegaram após o acender das luzes natalinas por medida de grave ausência de recursos e dei a tradicional barrigada, redesignado a previsão de pagamento para o ano que vem.
Só que o ano que vem já é hoje...
Começo a limpar, tirar pó e aquele lenga, lenga de nhanhã do ano passado quando percebo que somente os bravos sobrevivem.
Com todas as coisas que o mundo e o Brasil já viveram em apenas uma semana de vida do novo ano, percebo que está na hora de parar tudo e esquecer as lutas todas, porque a maior batalha de todas, travo diariamente, sentada em minha cadeira e tentando sobreviver e ganhar dinheiro honestamente para pagar as contas enquanto sou julgada por dedos em riste por posturas, comportamente, decisões e modo de vida.
Não sou melhor nem pior que ninguém, mas não há como não sentir as dores da falta de amor, falta de respeito e falta de entendimento.
Olho um pouco para facebook e meus amigos do mundo inteiro e uma babel se delineia em posts, fotos e compartilhamento de informações... como posso ter tanta diversidade em meu rol de amigos?
Aquelas mensagens tradicionais vão sendo substituídas pelo ir e vir de pessoas com seus problemas em busca de soluções.  É ano novo e tudo continua como antes...

Mas, o calor anda a 40 graus e  a energia elétrica está mais cara; os direitos sociais estão sendo solapados por interesse e compromissos políticos invisíveis aos olhos através de uma Medida Provisória editada pelo governo popular que ajudei a eleger;  os terroristas andam a explodir e matar pessoas no mundo inteiro; os neonazistas se preparando para agregar desavisados as suas caminhadas intolerantes.
Ah... como o calor me desanima e até pensar se torna algo cansativo. .. E com tantas coisas enormes acontecendo, lembrei que era dia 10 e não ia dar pra fazer o Black 10. Que chato...


Fica para o mês que vem porque hoje já é amanhã.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Primeiro foram os judeus

O mundo assistiu estarrecido a mais um atentado, atribuído a fanáticos islâmicos onde os únicos e mais imediatos beneficiados são justamente aqueles que perseguem implacavelmente os muçulmanos nos mundo inteiro. A preocupação que ronda ativistas pelos Direitos Humanos e pela Paz é inércia das pessoas e a aceitação fácil das informações trazidas pela mass media.

As diversas falas sobre o tema ressoam entre o medo e o medo. Alguns medos dizem respeito a atentados terroristas e a possibilidade de mesmo diante de todas as vigilâncias tecnológicas dos conhecidos e desconhecidos grupos terroristas terrem deixado passar alguma informação que culminou com o atentado.

Outros medos como assisti em uma crítica sensata de um jornalista judeu onde apontava para as preocupações que devemos ter ao aceitarmos facilmente que o atentado foi idealizado pelo e não por algum grupo doentio contrário a imigrantes na europa, inclusive africanos e  islâmicos. Ou os dois, porque uma pesquisa também mostrou que mais de 70% dos imigrantes ilegais oriundos da áfrica são muçulmanos.

No momento em que ouvi falarem sobre o ataque, não pude deixar de lembrar de um filme que há pouco tempo assisti: Conta uma história qualquer do velho oeste norte americano, com fatos baseados em fatos históricos; no filme uma série de ataques aos pioneiros por supostos indígenas foram realizados por cawboys vestidos e caracterizados de indígenas, pintados de vermelho com perucas e penas, que atacavam acampamentos de seu próprio povo para provocar a ira contra os indígenas. Bem sabemos que os índios americanos acabaram praticamente dizimados.

Se isto acontece por aí ou não é o conhecimento e a cultura de cada um de nós que dirá. Isto faz parte de uma velha e tacanha estratégia de guerra e guerrila, infiltração, realizada inclusive pelos militares, policiais e  serviços especiais. 

Mas, isto é muita viagem, dirão alguns.

Eu, como sou conspiratória, vou seguindo com meus pensamentos...


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

10 PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR SOBRE CONSCIÊNCIA NEGRA



1. O QUE É MOVIMENTO NEGRO?
É um conjunto de organizações não governamentais, conhecidas também como sociedade civil organizada, que atua no combate ao racismo, preconceitos, discriminações e intolerâncias relacionadas a cor/raça/etnia das pessoas; desconstrução dos mitos de democracia racial; dar visibilidade a história da contribuição do negro na construção do desenvolvimento do Brasil; preservação das tradições culturais e artísticas de origem afro-brasileiras; construção de diálogo político sobre a implementação de políticas públicas para redução de desigualdades históricas em ocupação de espaços sociais, intelectuais e de poder.

2. O QUE É RACISMO?
É o sentimento de superioridade de um determinado grupo étnico/racial em relação a outro, diferente, fazendo ou contribuindo para que se criem mecanismos que impeçam ou prejudiquem a promoção social, funcional, intelectual ou qualquer tipo de melhoria do outro grupo. Essa superioridade pode gerar uma série de situações violentas como mortes, agressões físicas, bullyings etc.

3. PORQUE FALAR EM RAÇA SE SOMOS TODOS SERES HUMANOS?
Sim, esta é uma verdade. Mas raça neste caso é um conceito muito mais ligado a sociologia do que a biologia, porque nas ciências sociais ainda se encontra a identificação racial como Brancos, Negros, Indígenas e Orientais. Além disto, esta pergunta tem muito mais o objetivo de impedir o debate criando uma outra coisa para ser pensada do que aprofundar a preocupação com as diferenças existentes na sociedade decorrentes dos tratamentos diferenciados para as diferentes etnias.

4. MUITAS VEZES O RACISTA NÃO É O PRÓPRIO NEGRO?
Não. Isto é impossível. Como você pode observar para existir racismo é necessário que as pessoas envolvidas sejam de raças diferentes. Quando é um caso entre pessoas da mesma raça ou origem étnica chamamos de preconceito ou discriminação racial. Muitas vezes pessoas de uma mesma raça entram em conflitos decorrentes de uma educação de não valoriza outras etnias, senão a de origem ocidental branca, gerando o sentimento de negação de si mesmo, da baixa auto estima e outros danos psicológicos que muitas vezes impelem uma pessoa a depreciar e cometer atitudes preconceituosas com seus próprios

5. MAS NO BRASIL NÃO EXISTE RAÇA PURA, NÃO SOMOS TODOS MISTURADOS?
De certa forma isto é verdadeiro, mas esta é uma informação que somente é usada quando negros e indígenas exigem seus direitos de ocupação dos espaços que efetivamente lhes pertence, mas não para a distribuição equitativa de riquezas, postos de trabalho, representação visual na mídia em telenovelas e direitos a titulação de terras e benefícios vários no processo sócio econômico do país. Além disto durante muito tempo foi vendido para o mundo a ideia de que o Brasil diferentemente do que acontecia nos diversos países onde a escravidão negra ocorreu era um país onde negros e brancos viviam em plena harmonia, sem qualquer tipo de discriminação ou preconceito. Uma verdadeira DEMOCRACIA RACIAL. Tudo isto foi sendo desmentido pelo Movimento Negro que demonstrava e denunciava os casos de racismo, colocando-os na mídia, processando os responsáveis, fazendo passeatas, manifestações e pleitos políticos que acabaram por finalmente confirmar que o BRASIL É UM PAÍS como muitos outros ONDE O RACISMO EXISTE.

6. ENTÃO , O QUE É MITO DA DEMOCRACIA RACIAL?
É uma ideologia criada a partir do Livro Casa Grande e Senzala, de autoria do sociólogo Gilberto Freyre, de 1933, uma das principais obras sobre a formação da sociedade brasileira e seus grupos raciais componentes, que apesentava entre todos uma cordialidade e fraternidade que somente existia aqui, onde casamentos e uniões foram consagradas, fazendo com que os mestiços decorrentes do cruzamento dessas três raças constituíssem a super raça miscigenada de afro-brasileiros onde todos viviam em total igualdade de condições e oportunidades. O sonho de muita gente. Mas, infelizmente a realidade brasileira mostrava um Brasil onde os negros não podiam estudar, e analfabetos não podiam votar. Onde pessoas negras não podiam frequentar determinados clubes e ambientes sociais somente possíveis aos brancos. E para os indígenas, direitos diferenciados e a condição de relativamente incapazes.

7. SE EXISTE CONSCIÊNCIA NEGRA, POR QUE NÃO CRIAR A CONSCIÊNCIA BRANCA?
Esta é uma pergunta constante para aqueles que tentam explicar a necessidade dos negros e negras brasileiros vivenciarem uma outra forma de educar seus filhos e filhas, falando sobre a luta e as glorias de um povo de mesmo sofrendo todos os horrores de uma escravidão longa e cruel soube manter-se vivo, lúcido e construir famílias honradas, heróis nacionais, pessoas de bem, profissionais capazes. Mantendo viva sua cultura, sua religiosidade, seus mitos e crenças, seus valores e força vinda da sua africanidade. Enquanto os brancos nunca sofreram qualquer tipo de negação de sua raça e tudo o que lhes pertence é valorizado e sempre colocado como melhor do e mais bonito, perfeito e divino. Tudo o que é do branco é. Tudo o que é do negro não é, logo é preciso de consciência para a perfeita compreensão de seu valor e grandeza. Não há em momento algum uma demonstração de que somos todos iguais e todos merecemos manter viva nossa identidade e cultura.

8. SE SOMOS TODOS IGUAIS PORQUE ENTÃO COTAS RACIAIS? PORQUE NÃO MELHORAR A EDUCAÇÃO?
As cotas têm o objetivo de reduzir as desigualdades e equilibrar as enormes diferenças de oportunidades entre brancos, negros e indígenas em bancos universitários e postos de trabalho nas órgãos governamentais. Após mais de 100 anos do término da escravidão no Brasil, apenas 2% das pessoas que haviam concluído o ensino superior eram negras e isto não tinha nenhuma relação com a vontade de estudar, mas com a falta de mecanismos que possibilitassem a essas pessoas a inserção nas universidades. Cotas não são favorecimento, mas uma tentativa de reparação histórica para um país que realizou um fim de período de escravidão sem qualquer política pública de inserção social e econômica dos ex-escravidados, lançando-os ao léu. Abandonando-os a própria sorte.

9. QUEM É NEGRO NO BRASIL PARA AS COTAS RACIAIS?
Todos aqueles que se auto identificarem como negro. Ou seja aqueles que entendendo e reconhecendo sua origem étnica e racial se auto declararem negro, afro-brasileiros e pardos.


10. EXISTEM LEIS PARA QUEM SOFRE O CRIME DE RACISMO?
Sim. A Lei que instituiu o crime de racismo como inafiançável é a 7716/89 (Lei Caó) e é aquela que deve ser utilizada para punir aquele que comete o crime de racismo. Outras leis sobre o Negro na sociedade brasileira é a 10.639/03 (Sobre a Obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Africana) e o ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL (12288/2010).


Fonte: Material informativo da Comissão de Promoção da Igualdade Racial Cabo Frio - 20ª Subseção

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O Movimento Negro, o Ministério de Promoção da Igualdade Racial e o Sábio

A circulação de informações sobre a posse da nova ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Dra. Nilma Lino Gomes, e o papel que deverá desempenhar no novo governo da Presidenta Dilma, me fez pensar que essa cadeiras onde obrigatoriamente devemos desenvolver a política dos sonhos para uma exigente camada da população brasileira.
Além disto, a  nova Ministra é uma acadêmica e não circula muito no eixo Rio-São Paulo e isto praticamente a deixa fora dos holofotes.

As conversas sobre ela, acabam sempre na história do parecer do CNE onde analisou denúncia contra o livro “Caçadas de Pedrinho”. Os documentos estão em PDF na internet e são de leitura fácil para qualquer pessoa de bem, mas embora sejam dois pareceres, um de 2010 e outro de 2011, ambos se completam e não oferecem risco algum a obra de Monteiro Lobato, senão um trabalho diferenciado, com críticas sobre as diversas situações de racismo explicito registrados no livro.



A Dra. Nilma Lino, já era admirada por muitas de nós,  por causa de sua pesquisa realizada nos salões de beleza de Belo horizonte, sobre a estética das mulheres negras e a representação do cabelo negro, contribuindo para o despertar de muitas jovens negras e a valorização de nossos cabelos, neste universo de chapinhas e escovas marroquinas e progressivas.

Infelizmente, ainda não aprendemos a nos amar, entender e respeitar a ponto de não avaliarmos o  que as redes sociais e suas deselegantes falas explicitas fazem com a imagem de nossas lideranças. Os aparatos de buscas de textos e fotos permitem que qualquer pessoa, seja ela membro de alguma organização racista ou uma menina querendo orientação sobre relações raciais, ter acesso a comentários cínicos e sem robustez sobre as probabilidade de nossa Ministra realiza este ou aquele trabalho de maneira competente.

Exercer ou ser indicada para o cargo almejado por diversos negros e negras no país, muitos até sem as qualidades da Dra. Nilma, é passar da confortável posição de uma qualificada pensadora brasileira, para o alvo principal de recalcados e incansáveis opositores de quem quer que sente naquela cadeira.
Com isto vamos sendo campeões e derrubar em vez de construir, perdendo nossos melhores representantes em assembleias e câmaras legislativas enquanto vemos os espólios políticos dos coronéis eleger pais, filhos, sobrinhos e quem mais vier com os mesmos laços de consaguineidade, para onde quiserem.
Ou somos mais equilibrados em nossas críticas aos nossos pares, ou seremos sempre como crianças tolas querendo fingir esperteza até que um dia perceberemos que somos apenas como aquelas meninas céticas que não entendiam que a decisão é sempre nossa e está em nossas mãos, como em O Sábio e a Borboleta:

“Havia um pai que morava com as suas duas jovens filhas, umas meninas muito curiosas e inteligentes. Elas sempre faziam muitas perguntas. Algumas,  ele  sabia  responder.  Outras,  não  fazia  a  mínima  ideia  da  resposta. Como lhes pretendia oferecer a melhor educação, mandou-as passar as férias com um velho sábio que morava no alto de uma colina. Este, por sua vez, respondia a todas as perguntas sem hesitar. Já  muito  impacientes  com  a  situação,  pois  constataram  que  o  tal  velho  era realmente sábio, resolveram inventar uma pergunta que ele não soubesse. Passaram-se  alguns  dias  e  uma  das  meninas  apareceu  com  uma  linda borboleta azul e exclamou para a sua irmã: ‘Desta vez o sábio não vai saber a resposta!’.  ‘O  que  vais  fazer?’,  perguntou  a  outra  menina.  ‘Tenho  uma borboleta azul nas minhas mãos. Vou perguntar ao sábio se a borboleta está viva ou morta. Se ele disser que ela está morta, vou abrir as minhas mãos e deixá-la voar para o céu. Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la rapidamente, esmagá-la e, assim, matá-la. Como consequência, qualquer resposta que o velho nos der vai estar errada.’  As duas meninas foram, então, ao encontro do sábio, que estava a meditar sob um eucalipto na montanha. A menina aproximou-se e perguntou se a borboleta na  sua  mão  estava  viva  ou  morta.  Calmamente,  o  sábio  sorriu  e  respondeu: ‘Depende de ti. Ela está nas tuas mãos.’



Pois bem, tudo depende de nós para encontrarmos um caminho de entendimento e fortalecimento de nossa luta anti racista.

Fonte; Parecer CNE 05/2010 e 06/2011 

domingo, 4 de janeiro de 2015

Primeiro Escalão dos novos Governos: Brasil mostra a sua cara

O novo Brasil, cantado em verso e prosa não tem comprometimento com mudança de coisa alguma. A colcha de retalhos da política nacional, farol  da governabilidade e do espírito democrático. Adota a típica conduta política ‘Laissez faire’ permitindo que cada um faça o que quiser, desde que tenha participado do arco de alianças vitorioso.
Presidenta Dilma e seu Ministério - Foto Oficial

O comprometimento do programa de Governo que deve refletir-se na escolha dos nomes que compõe o primeiro escalão dos governos, famosos quadros políticos, não reconhecem cotas de raça e gênero.
Mesmo conhecendo as entranhas do sistema político brasileiro, suas mazelas e malandragens, nunca é tarde para acreditar em mudanças e cumprimentos de compromissos. Mas, eles não vêm.
Posse do Governador de Goiás, Marconi Perillo, e novo Secretariado
A musicalidade presente na alma brasileira e que conta histórias e possibilita estudar um pouco do comportamento de grupos e passagens históricas possui algumas composições a fortalecer a observação de que a cara do Brasil é aquela que o colonialismo e suas elites estabeleceram como palatável e é com ela que o país parece querer permanecer.
Posse do Governador do Espirito Santo, Paulo Artung, e seu Secretariado

Visitando sítios de jornais, passamos pelas fotografias da posse da presidenta, seus ministros e os governadores e seus secretários. No Brasil inteiro, o macho alfa desfilou gaboso com sua plumagem impecável, seus sobrenomes conhecidos, seus espólios e feudos muito bem delimitados por padrões modernos de manutenção de territorialidade monárquica, regulamentada por padrões partidários inegociáveis.
Aqueles que foram chamados de “coxinhas” em suas críticas reacionárias, nem sequer cogitam o que realmente é ilógico, prendendo-se a bordados e alfinetes do estilo escolhido pelos assessores da Presidenta. O que esperar de um “coxinha” senão um olhar curto e umbilical, sempre pensando que a banda toca pra eles, enquanto seu governos reproduzem os mesmos equívocos que todos os outros e é justamente o ponto de convergência e entendimento tácito e apócrifo.
Posse do Governador do Pará, Simão Jatene, e seu Secretariado
Os interesses pessoais de momentos políticos vitoriosos demonstram que é um castelo de cartas, ou antes, uma pilha de engradados cheios e vazios, e suas garrafinhas. Aquela história que todos conhecem de trocas de garrafinhas vazias por cheias de líquido. O dinheiro já foi entregue muito antes, ainda no período eleitoral: apoios a candidaturas, escolhas partidárias e babação de ovos branquinhos das galinhas das granjas de maior porte, controladores.
Posse do Governador Pedro Taques, do Mato Grosso, e seu Secretariado
Como naquelas comunidades de periferia, todos ganham quando o movimento ganha, desde o menino da pipa até o dono de tudo lá no asfalco com suas SUV’s importadas.
Olhando as fotografias dos desse novos governos, seja o meu, o seu ou o nosso, só vejo uma coisa: nunca estaremos proporcionalmente nas posses. O paradigma do governo deveria ser apresentado aos partidos e informado sobre composição de gênero e raça. De alguma forma deveriam dizer que os nomes precisavam ter um perfil.

Mas, o ‘Laissez faire’ político não tem compromisso com a identidade assumida para vencer. Com raras exceções estamos por nossa própria conta e chegou a hora de mudarmos as posturas e realizarmos supra partidariamente o diálogo isento e desapegado.

* Fotos de Jornais virtuais e sitios oficiais

sábado, 3 de janeiro de 2015

#LibertemMirianFrança #JustiçaparaGaia


No dia de hoje, logo pela manhã me deparei com um post emocionado de um amigo, morador do Bairro Monte Alegre, na periferia de Cabo Frio em seu perfil no facebook: "Forjaram meu filho que chegou cansado do trabalho, ai eu perguntou como devo confiar nesta polícia, basta ser negro e corre na comunidade que eles já. Jogam maconha,cocaína na conta do trabalhador, nao justifico erro ,porém hoje a vergonha deles será minha vitória, eles alegou na delegacia que quem pudesse ser testemunho poderia acompanhar a viaturas porém a verdade é que eles disseram quem se manifestasse iriam responder por associação, com todo respeito bando de safado." Fiquei preocupadíssima, pois conheço pessoalmente o autor do post e sua responsabilidade pessoal de comunitária e sei que ele jamais postaria algo do gênero sem a certeza absoluta do ocorrido. Tinha acontecido a noite e foi muito cedo quando li e comecei a tentar saber mais sobre o tema. Houve muita mobilização pelo facebook e a tarde seu filho foi solto. 

Alguns momentos mais tarde tivemos acesso um outro fato estarrecedor, bastante similar do caso que já ouvira falar pela midia convencional sobre a morte de uma turista italiana Gaia Molinari, em Jericoacoara/CE, um dos roteiros turísticos mais famosos no mundo. 

Adicionar legenda

No perfil da Dra. Jurema Werneck, informações sobre a prisão da Doutoranda Miriam França, da UFRJ, no Ceará, sob suspeita de ter assassinado a turista italiana no dia 25/12. 
Acontece que segundo vários amigos de Mirian sua conduta é ilibada, tranquila e seu hobby é viajar como mochileira para vários destinos turísticos. 
É o que se depreende também de seu perfil na rede social facebook.
Mulher Negra, oriunda de família pobre que encontra-se em um dos espaços acadêmicos mais importantes do país, Miriam é mais uma das vítimas do Racismo institucional que controla nossos aparelhos de Segurança pública causando medo e insegurança a negros e negras pelo país.
Presa sem provas, apenas por indícios e a pressa de uma delegada que deseja dar satisfação midiática a turistas internacionais, Miriam está agora contando com o apoio de milhares de amigos e anônimos da luta racial no Brasil que nas redes sociais ampliam a mobilização virtual compartilhando #LiberdadeparaMirianFrança  e #JustiçaparaGaia hastegs acompanhadas de fotos da pesquisadora e textos de amigos contendo informações sobre o que está sendo providenciado para abreviar o sofrimento de Mirian. 
A repercussão nas redes ajuda a evitar que mais excessos possam ocorrer através desastrada atuação policial em busca de midia.

Foto Diário do Nordeste / Vermelho.org
Como está publicado no sitio www.vermelho.org sobre o caso:

"Não se vislumbra motivos, nem qualquer vestígio no histórico da acusada, uma estudante de pós-graduação da UFRJ, interessada em questões raciais e sociais no Brasil, como mostra o seu perfil no facebook, que trouxesse ao menos uma sombra de possibilidade de que estivesse envolvida na execução de um crime brutal. A única coisa que foge a rotina da classe média brasileira, é o fato de ser negra. Seria isso um crime?

Repetimos: de modo nenhum afirmamos que não há chance de a acusada ter estado envolvida no crime. Mas apenas que não se pode, julgando pelo que até agora a imprensa e as autoridades apresentaram ao público, concluir que esteve e, menos ainda, que deveria ser presa. O que até agora se viu não mostrou qualquer fato relevante para justificar sua prisão para a opinião pública. A não ser que o fato de ser negra já baste, para uma opinião pública branca e racista, como prova de delito. O silêncio em torno dos pontos obscuros do assunto parece acenar para esta última hipótese."


Segundo informações que estão sendo veiculadas na página do facebook (https://www.facebook.com/liberdadeparamirian?notif_t=page_new_likes)  para ajudar a dar capilaridade as informações sobre o caso, o Dr. Humberto Adami, conhecido advogados das Relações Raciais no Brasil é o advogado de Mirian.

No mesmo dia, em municípios distantes, mas aproximados pela rede social podemos observar de duas maneiras diferentes a ação do racismo institucional, procurando lançar mão de pessoas negras, antes desprotegidas e agora fortalecidas pela rápida viralização de suas situações pelas redes sociais.

A palavra usada pelo pai desesperado com a prisão de seu filho: "Forjaram" me chamou a atenção. 
A marca da forja nos dias atuais não tem mais o caráter de queimar a pele preta e marcá-la como propriedade do Senhor de Escravos,  mas pretende interferir em nossa caminhada e marcar nossa alma apontando-nos o lugar que nos foi destinado e de onde não querem permitir que saiamos.
Os tambores virtuais estão soando...
Precisamos nos acolher e unir para evitar injustiças, os desmandos policiais, homicídios em massa e todos os tipos de crimes que se repetem com as pessoas negras deste país e que sempre foram naturalizados. Agora começam a ser desmoralizados e apurados com rapidez e habilidade com a ajuda deste instrumento midiático que nos pertence. 

Fonte: Portal R7 e Redes Sociais