Nosso ‘start’ merece a poesia de Agostinho Neto, cujos versos de “Mussunda amigo” reproduz a alma e o espírito da Comunidade AFROLAGOS:
“...Não era isto o que nós queríamos, bem sei
Mas no espírito e na inteligência
Nós somos!
Nós somos
Mussunda amigo
Nós somos
Inseparáveis
e caminhando ainda para o nosso sonho...”
A imprensa negra, esta que chamamos na era da globalização de “mídia étnica” tem uma longa história de sucesso, idealismo, invisibilidade, falta de recursos e intolerâncias. Perdemos, no mês de maio, uma de nossas maiores lideranças negras de todos os tempos.
Abdias Nascimento produziu interferências e deixou sua marca na arte, cultura, educação, teatro, política e principalmente no jornalismo. Virou ancestral em nosso panteão.
Não teve da nossa imprensa o reconhecimento merecido e seu funeral foi menos comentado pela mídia tradicional brasileira do que no exterior.
Isto por si só já justificaria a nossa existência.
Mas, existem outros motivos: mesmo com todo o progresso tecnológico e os avanços da ciência, a humanidade tem sido arrastada a sucessivas guerras deflagradas pela intolerância.
Limpeza étnica, supremacia racial, salvação religiosa, regimes totalitários, hegemonia política, interesses econômicos, ou apenas intolerâncias, em suas diferentes facetas, formas e mutações, se proliferando e desencadeando massacres, genocídios e extermínios.
Sabemos através dos registros históricos, que os intolerantes podem ser içados a condição de líderes cruéis e autoritários os quais agregando seguidores fanáticos são capazes de realizações em níveis catastróficos.
O sonho, que é de todos os humanistas e pacifistas, das pessoas dedicadas a promover a igualdade de direitos, oportunidades e acesso a cultura, ao conhecimento e a informação, não é só nosso. Ele existe para a desconstrução deste paradigma histórico vindo de reações em cadeia de processos intolerantes que se revezam e se mantém.
De onde virá a solução?
Nossa certeza, da Comunidade AFROLAGOS é de que a solução virá da sociedade civil organizada.
Organismos não governamentais, instituições comunitárias, culturais, esportivas, sociais, religiosas, de classe, grande, médias, pequenas e minúsculas, que muitas vezes chegam e atuam onde os Governos nunca alcançarão e que criam as demandas para as ações governamentais (Políticas Públicas) impulsionando a nossa sociedade moderna para um novo momento.
O papel da imprensa neste processo é de fundamental importância, seu efeito catalisador atua entre a opinião pública e os poderes constituídos do Estado.
A perspectiva mais ativista do profissional de comunicação pode ajudar a neutralizar os antagonismos, não importa se entre judeus e mulçumanos; protestantes e candomblecistas; católicos e judeus; heterossexuais e homo-afetivos; negros, ciganos, indígenas e brancos...
A sociedade exige imparcialidade para que ela possa ser crítica, laica e independente.
Eis o JORNAL AFROLAGOS: mídia étnica que se difere pela perspectiva racial e prima pela transformação social.