domingo, 24 de novembro de 2013

Momentos de Reflexão e Ação



Os povos de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, vivem um momento de extrema tensão social, criada pelo fenômeno histórico da “intolerância religiosa” que deflagram conflitos entre membros de  denominações religiosas “neo petencostais” e os praticantes dessas religiões. Perseguição e agressões muitas vezes impulsionada por  uma mídia agressiva em relação as praticas religiosas afro-brasileiras, orisás e entidades cultuadas nas  casas de santo ou Asés tem sido observadas em crescente ascensão.
Com isto, governo e sociedade civil, através dos Movimentos Negros, passaram a dialogar exaustivamente sobre as formas de construção de uma rede de proteção ao direito desses povos exercerem sua liberdade de culto e crença, sem serem ofendidos ou discriminados.
Não obstante, entender o que possibilitou a resistência de práticas, rituais e ensinamentos desses povos e comunidades religiosas, não se encontra em livros e materiais escritos, muito embora haja nos dias atuais uma farta oferta de documentários, livros, revistas e imagens sobre as diversas religiões de matriz africana. Programas sobre a fé e práticas religiosas exibem belas imagens. Muitas delas têm nas memórias religiosas dos povos africanos que foram trazidos para Brasil durante o tráfico transatlântico seu ponto de convergência.
Mas o mundo globalizado alterou formas de educar filhos, ensinar nas escolas, construir relações sociais e estabelecer a diplomacia no universo da política internacional, mas nos terreiros de candomblé, foco de nosso trabalho, o tempo não existe, valores econômicos e sociais externos não importam e o respeito aos mais velhos, seu saber e conhecimento é o maior tesouro.
É o awô. O segredo, o mistério. O que não pode ser aprendido senão pela prática e pelo saber oral, transmitido por aqueles que o detém e o aprenderam da mesma forma: pelos mais velhos.
Em uma sociedade descartável, efêmera e preocupada com a permanente atualização por novas tecnologias e aprendizados, em que os mais velhos são destinados ao não fazer da aposentadoria, não por defasagem do saber e ineficácia das experiências vividas, mas por necessidade de abrir espaços para os mais novos, conhecer, entender e refletir sobre os povos que valorizam o saber ancestral transmitido oralmente e perpetuado ao longo dos séculos é valorizar todo o processo vivenciado pela a humanidade até os dias atuais.
Imaginar que todo o conhecimento da humanidade pode ser apagado por interesses e espionagens, para preservar o poder da dominação de alguns países é perceber que de nada nos adiantará tanta pressa, compromissos e horários. Somos apenas peças descartáveis de uma grande engrenagem global.
Os novos momentos são de muita reflexão, diálogo, entendimento e ação, para que possamos nos organizar em rede com as demais comunidade tradicionais e formarmos um só povo capaz de superar os novos desafios que são apresentados.
Encontro de Juventude de Terreiros organizado pela RENAFRO

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