Publicado no Jornal Afrolagos Edição nº 2 (Novembro/Dezembro de 2011)
Comissão de Direitos Humanos aprova inclusão de nome indígena ou
africano no RG
A
Comissão de Direitos Humanos e Minorias aprovou no último dia 30, projeto de
lei que permite aos afrodescendentes e indígenas inserir em suas identidades,
sobrenomes de origem africana ou indígena, sejam eles familiares ou não.
A
proposta altera a Lei de Registros Públicos (6.015/73), que possibilita a
mudança de nome aos maiores de 18 anos.
O texto
aprovado é um substitutivo apresentado pelo deputado Márcio Marinho
(PRB-BA) ao Projeto de Lei 803/11, dos
deputados petistas Nelson Pellegrino (BA), Edson Santos (RJ) e Luiz Alberto
(BA), que originalmente beneficiava apenas os afrodescndentes.
“A regra
deve também permitir ao índio o acréscimo de nome de ancestrais, a fim de
resguardar sua identidade cultural e familiar, guardando simetria com o
tratamento dispensado aos afrodescendentes”, justificou Marinho.
O
substitutivo de Márcio Marinho também deixa claro que o sobrenome
afrodescendente ou indígena será acrescentado ao nome, uma vez que os apelidos
de família não podem ser prejudicados. Além disso, o registro civil poderá ser
alterado em qualquer tempo, independentemente da maioridade civil.
Fonte:
Agência Câmara de Notícias
Pesquisa revela: Religiões afro-brasileiras
são vítimas de intolerância no Rio
Pesquisa
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) sobre religiões
afro-brasileiras no Estado do Rio comprova denúncias de intolerância religiosa.
Dados preliminares do Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana, que
identificou 847 templos, revelam que 451 - mais da metade - foram vítimas de algum
tipo de ação que pode ser classificada como intolerância em razão da crença ou
culto.
No Estado
com a maior proporção de praticantes de religiões afro-brasileira na população
(1,61%), segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas com base no Censo 2010,
a pesquisa da PUC-Rio identificou templos em 27 dos 92 municípios fluminenses.
A professora Denise Fonseca, uma das coordenadoras da pesquisa diz que embora
esses números não represente a totalidade das casas religiosas desse segmento
no Estado, o mapeamento é o primeiro a tratar de casos de intolerância
religiosa.
A
pesquisa foi encomendada pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial (Seppir) e começou em 2008. Em
fase de conclusão, com a previsão de ser apresentada em 2012, o mapeamento da
PUC-Rio também constatou que centenas de templos têm projetos de assistência
social. A maioria dá apoio a políticas públicas de distribuição de renda,
suplementação alimentar para crianças, desenvolve projetos de educação de
jovens e adultos e de saúde.
Cultura e História
africanas chegam às escolas públicas
As escolas públicas vão
receber no ano letivo de 2012 livros didáticos sobre a história e a cultura
africana e afro-brasileira. Serão distribuídas obras para alunos da
educação infantil ao ensino médio. A proposta dessa iniciativa é proporcionar
aos alunos a compreensão do desenvolvimento histórico dos povos africanos e de
sua relação com outros povos, a partir de uma visão objetiva do continente
africano. O material tem como referência os oitos volumes da coleção História Geral da África. Editada em
português graças à parceria entre a Organização das Nações Unidas para
Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e o Ministério da Educação , a obra
completa foi enviada às bibliotecas públicas em 2011. As escolas receberão
também dois livros síntese da obra completa da História Geral da África, com
conteúdos relacionados à história, cultura, economia, política e arte.
A inclusão da temática história e cultura afro-brasileira no currículo da educação básica das escolas públicas e particulares está prevista na Lei 10.639, de 2003. Além da história da África e dos africanos, o conteúdo deve incluir a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
A inclusão da temática história e cultura afro-brasileira no currículo da educação básica das escolas públicas e particulares está prevista na Lei 10.639, de 2003. Além da história da África e dos africanos, o conteúdo deve incluir a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Anúncio que retratava
Machado de Assis como branco foi retirado do ar por pressão dos Movimentos
Negros
Após uma avalanche de protestos
na Internet e um pedido formal da SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial), órgão governamental, a Caixa Econômica Federal suspendeu
a veiculação de uma campanha publicitária sobre os 150 anos do banco onde o
papel do escritor Machado de Assis era representado por um ator branco. O
comercial criado pela agência Borghierh/Lowe viaja no tempo para mostrar que
até os "imortais" foram correntistas do banco público. O problema é
que o escritor, fundador da Academia Brasileira de Letras e autor de
"Memórias Póstumas de Brás Cubas" era negro e como tal deveria ser
representado por um ator de sua raça/etnia.
Na nota oficial em
que anuncia a interrupção da propaganda, a Caixa "pede desculpas a toda a
população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter
caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial".
Além de pedir a suspensão do anúncio, a
Seppir encaminhou pedidos de providencias ao Conar (Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária), a Secretaria de Comunicação Social da
Presidência da República e o Ministério Público Federal.
Para Pensar: BLACKFACE E SITUAÇÕES SEMELHANTES
·
A Rede Globo de Televisão imortalizou a
Escrava Izaura através da atriz Lucélia Santos;
·
Ainda na Globo, o seriado sobre Chiquinha Gonzaga, compositora negra, foi
personificada pela atriz Regina Duarte;
·
No filme Garrincha – Estrela Solitária, do
cineasta Milton Alencar Junior sobre a vida do grande jogador de futebol, o
papel é desempenhado pelo ator André Gonçalves;
·
Em Cabo Frio, em uma das edições do Portinho
Boêmio, um conhecido músico, para cantar reagge pintou-se de negro com chapéu
de trancinhas no estilo Bob Marley.
Rosana Batalha
Jornalista e Produtora de Eventos
Diretora do Jornal Afrolagos
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