No dia de hoje, logo pela manhã me deparei com um post emocionado de um amigo, morador do Bairro Monte Alegre, na periferia de Cabo Frio em seu perfil no facebook: "Forjaram meu filho que chegou cansado do trabalho, ai eu perguntou como devo confiar nesta polícia, basta ser negro e corre na comunidade que eles já. Jogam maconha,cocaína na conta do trabalhador, nao justifico erro ,porém hoje a vergonha deles será minha vitória, eles alegou na delegacia que quem pudesse ser testemunho poderia acompanhar a viaturas porém a verdade é que eles disseram quem se manifestasse iriam responder por associação, com todo respeito bando de safado." Fiquei preocupadíssima, pois conheço pessoalmente o autor do post e sua responsabilidade pessoal de comunitária e sei que ele jamais postaria algo do gênero sem a certeza absoluta do ocorrido. Tinha acontecido a noite e foi muito cedo quando li e comecei a tentar saber mais sobre o tema. Houve muita mobilização pelo facebook e a tarde seu filho foi solto.
Alguns momentos mais tarde tivemos acesso um outro fato estarrecedor, bastante similar do caso que já ouvira falar pela midia convencional sobre a morte de uma turista italiana Gaia Molinari, em Jericoacoara/CE, um dos roteiros turísticos mais famosos no mundo.
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No perfil da Dra. Jurema Werneck, informações sobre a prisão da Doutoranda Miriam França, da UFRJ, no Ceará, sob suspeita de ter assassinado a turista italiana no dia 25/12.
Acontece que segundo vários amigos de Mirian sua conduta é ilibada, tranquila e seu hobby é viajar como mochileira para vários destinos turísticos.
É o que se depreende também de seu perfil na rede social facebook.
Mulher Negra, oriunda de família pobre que encontra-se em um dos espaços acadêmicos mais importantes do país, Miriam é mais uma das vítimas do Racismo institucional que controla nossos aparelhos de Segurança pública causando medo e insegurança a negros e negras pelo país.
Presa sem provas, apenas por indícios e a pressa de uma delegada que deseja dar satisfação midiática a turistas internacionais, Miriam está agora contando com o apoio de milhares de amigos e anônimos da luta racial no Brasil que nas redes sociais ampliam a mobilização virtual compartilhando #LiberdadeparaMirianFrança e #JustiçaparaGaia hastegs acompanhadas de fotos da pesquisadora e textos de amigos contendo informações sobre o que está sendo providenciado para abreviar o sofrimento de Mirian.
A repercussão nas redes ajuda a evitar que mais excessos possam ocorrer através desastrada atuação policial em busca de midia.
Foto Diário do Nordeste / Vermelho.org |
Como está publicado no sitio www.vermelho.org sobre o caso:
"Não se vislumbra motivos, nem qualquer vestígio no histórico da acusada, uma estudante de pós-graduação da UFRJ, interessada em questões raciais e sociais no Brasil, como mostra o seu perfil no facebook, que trouxesse ao menos uma sombra de possibilidade de que estivesse envolvida na execução de um crime brutal. A única coisa que foge a rotina da classe média brasileira, é o fato de ser negra. Seria isso um crime?
Repetimos: de modo nenhum afirmamos que não há chance de a acusada ter estado envolvida no crime. Mas apenas que não se pode, julgando pelo que até agora a imprensa e as autoridades apresentaram ao público, concluir que esteve e, menos ainda, que deveria ser presa. O que até agora se viu não mostrou qualquer fato relevante para justificar sua prisão para a opinião pública. A não ser que o fato de ser negra já baste, para uma opinião pública branca e racista, como prova de delito. O silêncio em torno dos pontos obscuros do assunto parece acenar para esta última hipótese."
Segundo informações que estão sendo veiculadas na página do facebook (https://www.facebook.com/liberdadeparamirian?notif_t=page_new_likes) para ajudar a dar capilaridade as informações sobre o caso, o Dr. Humberto Adami, conhecido advogados das Relações Raciais no Brasil é o advogado de Mirian.
No mesmo dia, em municípios distantes, mas aproximados pela rede social podemos observar de duas maneiras diferentes a ação do racismo institucional, procurando lançar mão de pessoas negras, antes desprotegidas e agora fortalecidas pela rápida viralização de suas situações pelas redes sociais.
A palavra usada pelo pai desesperado com a prisão de seu filho: "Forjaram" me chamou a atenção.
A marca da forja nos dias atuais não tem mais o caráter de queimar a pele preta e marcá-la como propriedade do Senhor de Escravos, mas pretende interferir em nossa caminhada e marcar nossa alma apontando-nos o lugar que nos foi destinado e de onde não querem permitir que saiamos.
Os tambores virtuais estão soando...
Precisamos nos acolher e unir para evitar injustiças, os desmandos policiais, homicídios em massa e todos os tipos de crimes que se repetem com as pessoas negras deste país e que sempre foram naturalizados. Agora começam a ser desmoralizados e apurados com rapidez e habilidade com a ajuda deste instrumento midiático que nos pertence.
Fonte: Portal R7 e Redes Sociais
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